quinta-feira, 12 de junho de 2014

Metades

Eu não gosto de metades, por isso te quis inteiramente. Não gosto de dividir, é egoísmo meu, mas isso sou capaz de assumir. Nunca gostei do 0,5, principalmente quando aparecia 1/2, contudo o que eu odiei profundamente foi quando você só entregou-se para mim nesse valor. Fiz de tudo para transformar essa simples fração num relacionamento cheio de multiplicações, e se hoje estamos afastados, rancorosos e desajustados é porque não sou de exatas, não consigo insistir em algo sabendo que não me levará a nada. 

Então foi assim o nosso fim. E agora estou aqui, cheia de ilusões que ninguém pode realizar, uma consequência de conviver contigo, já não sou um todo, estou dividida em meios, quartos, sextos ou oitavos, sendo que tudo o que quero é chegar na raiz da nossa equação. 

E foi assim que eu passei a odiar matemática, não gostar de metades, não pensar em ti. Do mesmo jeito que comecei a prezar-me mais e entregar-me menos. Acho que logo as coisas ajeitam-se, cada um toma seu rumo e o destino encarrega-se de resolver o que não consegui, porque numa divisão de pessoas diferentes, sempre sobra um tanto. O que sobrou de mim foi um amor, íntegro, para oferecer. O que ficou para você, eu não quero nem saber.  

Afinal, sempre fui de humanas o suficiente para entender o que W. Shakespeare escreveu: "Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém. Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim e ter paciência para que a vida faça o resto..." É, ainda bem que compreendi. 

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